Mia Couto - "Ânsia"
Não me deixem tranquilo
não me guardem sossego
eu quero a ânsia da onda
o eterno rebentar da espuma
As horas são-me escassas:
dai-me o tempo
ainda que o não mereça
que eu quero
ter outra vez
idades que nunca tive
para ser sempre
eu e a vida
nesta dança desencontrada
como se de corpos
tivéssemos trocado
para morrer vivendo
Mia Couto, em Raiz de orvalho e outros poemas, Caminho, 2009
2 comentários:
Notável, sempre Mia Couto!
Nâo tenho palavras para o descrever, quer cmo escritor, quer como cidadão e ser humano!
Pode ver este momento imoressionante dele numa conferência no Estoril:
http://www.youtube.com/watch?v=jACccaTogxE&feature=youtu.be
Beijos
.
Muito obrigada, "BRANCAMAR". Vou publicar o vídeo no FB, onde também foi manifestado apreço por este poema de Mia Couto.
Beijos
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