terça-feira, 3 de agosto de 2010

Fernando Pessoa/ Alberto Caeiro - "Agora que sinto amor"

Agora que sinto amor
Tenho interesse no que cheira.
Nunca antes me interessou que uma flor tivesse cheiro.
Agora sinto o perfume das flores como se visse uma coisa nova.
Sei bem que elas cheiravam, como sei que existia.
São coisas que se sabem por fora.
Mas agora sei com a respiração da parte de trás da cabeça.
Hoje as flores sabem-me bem num paladar que se cheira.
Hoje às vezes acordo e cheiro antes de ver.

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Alberto Caeiro/ O Pastor Amoroso

3 comentários:

Manuela Araújo disse...

Olá Josefa

Lindo poema. Conheço poucos de Caeiro, por isso não conhecia. E o brigada também pela excelente música que tem partilhado.
Um beijinho

Eduardo Miguel Pereira disse...

A linha sinusoidal dos humores de Pessoa (no caso Caeiro), tinha momentos de grande exaltação, de alegria, de amor, que depois expressava magistralmente como é o caso deste poema, que eu desconhecia.
Obrigado pela partilha.

partilha de silêncios disse...

O amor transforma!
Muito bonito.

beijinho