domingo, 20 de maio de 2012

Rabindranath Tagore: A prisão do orgulho


Choro, metido na masmorra
do meu nome.
Dia após dia, levanto, sem descanso,
este muro à minha volta;
e à medida que se ergue no céu,
esconde-se em negra sombra
o meu ser verdadeiro.

Este belo muro
é o meu orgulho,
que eu retoco com cal e areia
para evitar a mais leve fenda.

E com este cuidado todo,
perco de vista
o meu ser verdadeiro.

Rabindranath Tagore (7/05/1861 – 7/08/1941)

in "O Coração da Primavera", tradução de Manuel Simões

3 comentários:

Mar Arável disse...

Para ler e reler

Belo e profundo

Hanaé Pais disse...

Com pundonor, ensoberbecendo, retoca a cal e areia a vida, fugindo do seu ser verdadeiro.

Com cuidado esconde-se na negra sombra e perde o seu "eu".

Convida a pensar.
Faz parte de muitas vivências.

O orgulho é um sentimento elevado, mas quando moderado e quando não impede a manifestação do verdadeiro "eu" e evita a ferida em "si" e nos outros.

É sempre muito interessante passar por aqui.

Maria Josefa Paias disse...

Muito obrigada Mar Arável e Hanaé Pais :)