quarta-feira, 14 de outubro de 2009

87.º aniversário de Agustina Bessa-Luís

«Quando acontece vir ao mundo numa tarde de domingo, tendo a tempestade desabado sobre os lugares fazendo as árvores dobrar-se até ao chão, o melhor que temos a fazer é gritar de terror. Foi o que se deu com Luís Matias do Barral, homenzinho com cinquenta e dois centímetros de comprimento e com pulmões verdadeiramente prometedores, posto que descendia duma família de oradores. O pai brindou com um velho Porto cor de ferrugem, e teve a secreta vontade de que a parteira o fizesse beber um pouco da água do banho para o tornar inteligente.»
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Este é o primeiro parágrafo do romance Ordens Menores, publicado em 1992, menos conhecido do que A Sibila, de 1953, e do qual publiquei aqui, a 17 de Agosto, os últimos parágrafos, também como homenagem a Agustina Bessa-Luís.
De outras homenagens que se vão prestar amanhã a Agustina, dia do seu aniversário de nascimento, destaco:
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No CCB
Entre as 15,00h e as 20,00h, a exposição Agustina Bessa-Luís: Vida e Obra, promovida pelo Instituto Camões, com apoio da Guimarães Editores, e concepção de Inês Pedrosa e João Botelho.
Entre as 15,00h e as 17,00h, na sala Almada Negreiros, com entrada livre, leitura de excertos de alguns dos seus livros, por Maria João Seixas, Pedro Mexia, António Mega Ferreira e Leonor Silveira.
Às 17,15h, projecção do filme A Corte do Norte, com introdução de João Botelho, filme que tem a duração de 120 minutos e é para maiores de 16 anos.
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Às 18,30h, evocação de Agustina por José Saramago.
PARABÉNS AGUSTINA!

3 comentários:

Manuela Freitas disse...

Não sou uma incondicional de Agustina, mas reconheço que é uma das grandes escritores do século XX e merece todas as homenagens. Estranhamente no Porto, onde vive e onde se encontra a braços com uma doença irreversível, não se passou absolutamente nada!...
Isto por cá, relativamente à cultura anda tudo muito mal!...
Bjs e até breve,
Manela

Maria Josefa Paias disse...

Manuela, nem queria acreditar no que disse! Será que é verdade o que dizem sobre uma certa "alergia" do Presidente da Câmara à Cultura?
E não há no Porto associações culturais e cívicas, ou um clube de fãs de Agustina que pudessem assinalar a data e homenageá-la?
Nós não temos assim tantos escritores de topo que possamos dar-nos ao luxo de os ignorar!
Obrigada e um beijinho.

Manuela Freitas disse...

De facto Josefa, O PCâmara, Rui Rio, tem uma gestão cultural nula, só gosta de eventos para «encher o olho» (Aviões Red Bull, corridas de carro, música «pimba» nos bairros...), não dá qualquer apoio aos eventos culturais alternativos. Há no Porto, gestores de eventos culturais, mas conotados com a esquerda, a Agustina está conetada com a Direita, logo já vê como vai a nossa democracia! Frequentei a Faculdade de Letras e como vou recebendo correspondência por email, até fiz um protesto. Considero inadmissível, que a mesma, que promove alguns eventos, não estivésse atenta.
Bjs