domingo, 1 de novembro de 2009

Fernando Pessoa/Ricardo Reis - Ode

Não só quem nos odeia ou nos inveja
Nos limita e oprime; quem nos ama
Não menos nos limita.
Que os deuses me concedam que, despido
De afectos, tenha a fria liberdade
Dos píncaros sem nada.
Quem quer pouco, tem tudo; quem quer nada
É livre; quem não tem, e não deseja,
Homem é igual aos deuses.
(1930)
.
Imagem: F. Pessoa por Almada Negreiros

4 comentários:

Manuela Freitas disse...

Olá Josefa,
Comentários para quê, é o filósofo Fernado Pessoa quem fala, com a sua perspicácia incrível, tudo observando de uma forma muito versátil!...
Bom fim-de-semana, apesar de tanto nevoeiro e chuva? Por aqui é esta a paisagem!...
Bjs,
Manuela

Benjamina disse...

Olá Josefa

Muito bonito e simples esse poema, não conhecia. Uma filosofia um tanto ou quanto budista, digo eu, que nada percebo do assunto. Este Fernando Pessoa continua sempre a surpreender!

Um beijinho

Maria Josefa Paias disse...

Manuela,
Obrigada pelo seu comentário.
Por aqui prevalece o céu nublado, mas lá virá a chuva.
Bjs

Maria Josefa Paias disse...

Benjamina,
Acertou em cheio!
Agora compare esta Ode de Ricardo Reis com esta frase de Schopenhauer, filósofo alemão muito interessado pelas filosofias orientais: «Desejar o mínimo possível e saber o máximo possível», frase que adoptei como lema para a minha própria vida.
Por isso não consigo separar a Filosofia da boa Literatura.
E fico muito feliz que a Benjamina tivesse visto para além das palavras e o tivesse aqui partilhado comigo.
Obrigada.
Beijinho