quarta-feira, 22 de abril de 2009

Rainer Maria Rilke - citação

Tocamo-nos um ao outro, e como? Por golpes de asa, mesmo à distância sentimos a presença do outro.
Um poeta vive só, mas de vez em quando surge quem o transporta ao encontro de quem o transportou.
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Rilke (Maio de 1926)
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in Rilke / Pasternak / Tsvétaïeva Correspondência a Três, Assírio & Alvim, Lisboa, 2006
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Fotos respectivamente de Rilke, Boris Pasternak e Marina Tsvétaïeva




terça-feira, 21 de abril de 2009

I. Kant - citação

De mim não aprendereis filosofia, mas antes como filosofar, não aprendereis pensamentos para repetir, mas antes como pensar.
Immanuel Kant

Epicteto - citação

Se te interessas muito por filosofia, prepara-te para ser motivo de escárnio de todos. Se persistires no teu interesse, sabe que essas mesmas pessoas te irão admirar depois. (...) E que, se por acaso deres atenção a factos exteriores, para agradar a quem quer que seja, podes ter a certeza que irás arruinar o teu estilo de vida.
Epicteto (55-135 dC)

sábado, 11 de abril de 2009

Lord Byron - "Eutanásia"

Quando o tempo me houver trazido esse momento,
Do dormir, sem sonhar que, extremo, nos invade,
Em meu leito de morte ondule,
Esquecimento,
De teu subtil adejo a langue suavidade!
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Não quero ver ninguém ao pé de mim carpindo,
Herdeiros, espreitando o meu supremo anseio;
Mulher, que, por decoro, o coma desparzindo,
Sinta ou finja que a dor lhe estará rasgando o seio.
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Desejo ir em silêncio ao fúnebre jazigo,
Sem luto oficial, sem préstito faustoso.
Receio a placidez quebrar de um peito amigo,
Ou furtar-lhe, sequer, um breve espaço ao gozo.
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Só amor logrará (se nobre à dor se esquive,
E consiga, no lance, inúteis ais calar),
No que se vai finar, na que lhe sobrevive,
Pela vez derradeira, o seu poder mostrar.
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Feliz se essas feições, gentis, sempre serenas,
Contemplasse, até vir a triste despedida!
Esquecendo talvez, as infligidas penas,
Pudera a própria Dor sorrir-te, alma querida.
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Ah! Se o alento vital se nos afrouxa, inerte,
A mulher para nós contrai o coração!
Iludem-nos na vida as lágrimas, que verte,
E agravam ao que expira a mágoa e enervação.
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Praz-me que a sós me fira o golpe inevitável,
Sem que me siga adeus, ou ai desolador;
Muita vida há ceifado a morte inexorável
Com fugaz sofrimento, ou sem nenhuma dor.
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Morrer! Alhures ir ... Aonde? Ao paradeiro
Para o qual tudo foi e onde tudo irá ter!
Ser, outra vez, o nada; o que já fui, primeiro
Que abrolhasse à existência e ao vivo padecer! ...
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Contadas do viver as horas de ventura
E as que, isentas da dor, do mundo hajam corrido,
Em qualquer condição, a humana criatura
Dirá: "Melhor me fora o nunca haver nascido!".


quinta-feira, 2 de abril de 2009

Hölderlin

Só agora compreendo o homem, agora que estou longe dele e vivo na Solidão.
*
Por toda a parte nos resta ainda uma alegria. A dor pura entusiasma. Quem sobe sobre a própria miséria, está mais alto. E é magnífico saber que só na dor sentimos bem a liberdade da alma. (Hyperion)
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A Rosa
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Suave irmã!
Onde irei buscar, quando for Inverno,
As flores, para tecer coroas aos deuses?
Então será, como se eu já não soubera do Divino,
Pois de mim terá partido o espírito da vida;
Quando eu buscar prendas de amor aos deuses,
As flores no campo escalvado,
E te não achar.
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Aplauso dos Homens
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Não é meu coração sagrado e cheio de mais bela vida
Desde que amo? Por que é que mais me estimáveis
Quando era mais orgulhoso e brutal,
Mais verboso e mais vazio?
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Ai! à turba agrada o que é bom para o mercado,
E o servo só sabe honrar o violento;
No divino só crêem
Aqueles que o são.
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O Imperdoável
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Se vós, amigos, esqueceis, se escarneceis o artista,
E entendeis mesquinho e vulgar o espírito mais fundo,
Deus perdoa-vo-lo; mas não perturbeis
Nunca a paz dos que se amam.
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Hölderlin (1770-1843)