sábado, 11 de abril de 2009

Lord Byron - "Eutanásia"

Quando o tempo me houver trazido esse momento,
Do dormir, sem sonhar que, extremo, nos invade,
Em meu leito de morte ondule,
Esquecimento,
De teu subtil adejo a langue suavidade!
.
Não quero ver ninguém ao pé de mim carpindo,
Herdeiros, espreitando o meu supremo anseio;
Mulher, que, por decoro, o coma desparzindo,
Sinta ou finja que a dor lhe estará rasgando o seio.
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Desejo ir em silêncio ao fúnebre jazigo,
Sem luto oficial, sem préstito faustoso.
Receio a placidez quebrar de um peito amigo,
Ou furtar-lhe, sequer, um breve espaço ao gozo.
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Só amor logrará (se nobre à dor se esquive,
E consiga, no lance, inúteis ais calar),
No que se vai finar, na que lhe sobrevive,
Pela vez derradeira, o seu poder mostrar.
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Feliz se essas feições, gentis, sempre serenas,
Contemplasse, até vir a triste despedida!
Esquecendo talvez, as infligidas penas,
Pudera a própria Dor sorrir-te, alma querida.
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Ah! Se o alento vital se nos afrouxa, inerte,
A mulher para nós contrai o coração!
Iludem-nos na vida as lágrimas, que verte,
E agravam ao que expira a mágoa e enervação.
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Praz-me que a sós me fira o golpe inevitável,
Sem que me siga adeus, ou ai desolador;
Muita vida há ceifado a morte inexorável
Com fugaz sofrimento, ou sem nenhuma dor.
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Morrer! Alhures ir ... Aonde? Ao paradeiro
Para o qual tudo foi e onde tudo irá ter!
Ser, outra vez, o nada; o que já fui, primeiro
Que abrolhasse à existência e ao vivo padecer! ...
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Contadas do viver as horas de ventura
E as que, isentas da dor, do mundo hajam corrido,
Em qualquer condição, a humana criatura
Dirá: "Melhor me fora o nunca haver nascido!".