terça-feira, 26 de agosto de 2008

"Descobre por ti mesmo quais são os bens e ideais que não desejas. Ao saberes o que não desejas, por eliminação, irás aliviar a mente, e só então esta entenderá o essencial que está sempre ao seu alcance".
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Krishnamurti

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Ler e não ler, segundo Henry Miller

"Quanto mais escrevemos, menos os livros nos estimulam. Lemos para corroborar, isto é, para apreciar os nossos próprios pensamentos expressos nas variadas formas alheias.
Durante a juventude, o nosso apetite, tanto pela experiência pura como pelos livros, é descontrolado. Onde houver fome excessiva, e não mero apetite, tem de haver uma razão vital para isso. É por demais evidente que o modo de vida actual não nos oferece alimento condigno. Se assim fosse, estou certo de que leríamos menos, trabalharíamos menos e nos empenharíamos menos. Não precisaríamos de substitutos, não aceitaríamos sucedâneos para a nossa maneira de viver. Isto aplica-se a todos os domínios: comida, sexo, viagens, religião, aventura. Damos início à viagem com o pé esquerdo. Percorremos a estrada larga com um pé na sepultura. Não temos objectivo nem desígnio definidos, nem a liberdade de não ter objectivo nem desígnio. Somos, na maioria, sonâmbulos, e morremos sem sequer abrir os olhos.
Se as pessoas apreciassem profundamente tudo o que lêem, não haveria qualquer desculpa para falar assim. Mas lêem como vivem - sem objectivo, ao acaso, de uma forma débil e vacilante. Se já estão a dormir, o que quer que leiam só as faz mergulhar num sono mais profundo. Se se encontram apenas num estado de letargia, tornam-se mais letárgicas. Se são preguiçosas, ficam-no ainda mais. E assim sucessivamente. Apenas o homem que está bem desperto é capaz de apreciar um livro, de extrair dele o que é vital. Um indivíduo desses aprecia o que quer que penetre na sua experiência, e, a não ser que eu esteja terrivelmente enganado, não faz distinção entre a experiência que a leitura lhe proporciona e as experiências múltiplas do quotidiano. O homem que aprecia plenamente o que lê, ou faz, ou mesmo o que diz, ou simplesmente o que sonha ou imagina, beneficia ao máximo. Aquele que procura lucrar, mediante uma forma ou outra de disciplina, ilude-se a si mesmo. É por estar firmemente convencido disto que abomino a publicação de listas de livros para aqueles que estão a dar os primeiros passos na vida. Segundo creio, as vantagens que se podem extrair deste tipo de auto-educação são ainda mais dúbias do que as supostas vantagens obtidas mediante os métodos de educação correntes. A maioria dos livros apresentados nessas listas não pode ser compreendida e apreciada antes de uma pessoa ter vivido e pensado por si mesma. Mais cedo ou mais tarde, toda essa porcaria tem de ser regurgitada". ...
"A verdade é que ultimamente deixámos de ter grandes autores para os quais nos possamos voltar - caso estejamos em busca de verdades eternas. Rendemo-nos ao transitório. As nossas esperanças, débeis e vacilantes, parecem estar completamente centradas nas soluções políticas. Os homens afastam-se dos livros, o que quer dizer dos escritores, dos "intelectuais". É bom sinal - desde que substituam os livros pela vida! Mas será isto que se passa? Nunca o medo da vida foi tão intenso. O medo da vida substitui o medo da morte. Vida e morte passaram a significar o mesmo. No entanto, nunca a vida encerrou tantas promessas como agora. Nunca na história do homem a questão foi tão clara - a opção entre a criação e o aniquilamento. Sim, deitem fora os vossos livros! Especialmente se eles encobrem a questão em causa. Nunca a própria vida foi mais um livro aberto do que no momento presente. Mas, seremos nós capazes de ler o Livro da Vida?
(-Que estás a fazer aí no chão?
-Estou a ensinar o alfabeto às formigas.)"
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Henry Miller, Os Livros da Minha Vida, Antígona, Lisboa, 2004, p.148/9 e 157/8, (original 1969).

domingo, 24 de agosto de 2008

"Cada vez mais dou-me conta de que sempre levei uma vida contemplativa. Sou uma espécie de Brâmane ao contrário, meditando em si mesmo no meio da barafunda, que, com toda a sua força, se disciplina e desdenha da existência. Ou o pugilista com a sua sombra, que, furiosamente, calmamente, socando no vazio, vigia a sua forma. Que virtuosismo, que ciência, que equilíbrio, a facilidade com que acelera! Mais tarde, temos de aprender a aceitar o castigo com igual imperturbabilidade. Pela minha parte, sei como aceitar o castigo, com que serenidade produzo frutos e com que serenidade me destruo: em suma, actuo no mundo, não tanto para meu prazer, mas para dar prazer aos outros (são os reflexos dos outros que me dão prazer, não os meus). Só uma alma cheia de desespero pode atingir a serenidade, e, para nos sentirmos desesperados, temos de ter amado muito e de ainda amar o mundo".
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Blaise Cendrars

sábado, 23 de agosto de 2008

Em 1880, Dostoievski fez um discurso sobre "A Missão da Rússia", no qual afirmou: "Tornarmo-nos verdadeiros russos é tornarmo-nos irmãos de todos os seres humanos, homens universais... O nosso futuro reside na Universalidade, não conquistada pela violência, mas pela força derivada do nosso grande ideal - a união de toda a humanidade".
O que é feito destes russos?

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Precisamos da liberdade para impedir o Estado de abusar do seu poder, e precisamos do Estado para impedir a liberdade de provocar abusos.
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Karl Popper