segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Eugénio de Andrade - Último Poema


É Natal, nunca estive tão só.
Nem sequer neva como nos versos
do Pessoa ou nos bosques
da Nova Inglaterra.
Deixo os olhos correr
entre o fulgor dos cravos
e os dióspiros ardendo na sombra.
Quem assim tem o Verão
dentro de casa
não devia queixar-se de estar só,
não devia.
Eugénio de Andrade, em 'Rente ao Dizer'