sexta-feira, 2 de julho de 2010

Sugestão invulgar

Tenho recebido, esporadicamente, pedidos para publicar algumas das minhas respostas a comentários que, segundo a opinião de quem faz esses pedidos, constituem uma mais-valia, quer para o esclarecimento, quer para reflexão.
Pensando um pouco no assunto, concluí que essas respostas só fazem sentido enquadradas com o comentário recebido, e ambos no contexto do que publiquei e que os originou. Por outro lado, e não menos importante, essas minhas respostas mais longas, sobre assuntos mais sérios, são todas elas personalizadas, procurando as palavras adequadas a cada pessoa que me interpela, como se mais ninguém estivesse a ler ou viesse a ler, e essa partilha quase "privada" creio que está nos lugares certos - as caixas de comentários, onde só acedem as pessoas realmente interessadas em ler o que os outros têm a dizer sobre determinado assunto.
Embora já tenha agradecido individualmente a sugestão, renovo aqui o agradecimento e, também, o facto de me terem obrigado a reflectir sobre o assunto.

4 comentários:

Eduardo Miguel Pereira disse...

Entendo a sua explicação, Maria Josefa. Mas a verdade é que de facto há comentários que dariam optimos posts.
Mas concordo consigo, a riqueza intelectual (leia-se a palavra no seu significado mais simplista e despida de qualquer vaidade ou presunção) dos blogues, faz-se da complementaridade que os comentários dão aos respectivos posts. Descontextualizá-los, sería um verdadeiro atentado blogoesférico.

Ana Paula Sena disse...

Concordo com estes seus argumentos, Josefa.

Mas também queria deixar ficar aqui os meus parabéns pelo dia de hoje - 3 de Julho - um dia feliz :)

Beijinho grande!

Maria Josefa Paias disse...

.
Eduardo, com esta situação pude aperceber-me, ainda com mais nitidez, do facto de a minha memória não ter nada a ver com a do Google. Consultando pois, a minha memória, sobre publicações que tivessem merecido respostas mais elaboradas e que constituíssem essa mais-valia, só me lembrei de textos de filósofos, entre eles Aristóteles, ou de escritores, designadamente poetas, pois os textos que são da minha autoria, e de análise político-social, têm, quando têm, comentários de uma frase e respostas iguais, porque quem comenta apenas diz se concorda ou não, ou se gosta ou não, da minha abordagem. Portanto, o interesse naqueles comentários e respostas mais longos está no facto de trazerem à luz interpretações dos textos que pareceram ter interesse para quem os leu.
Claro que nunca uma resposta minha poderia constituir, por si só, um dos meus postais, se não fosse previamente reformulada como uma abordagem a determinado texto, mas isso não tenho tempo para fazer agora.

Para lhe mostrar porque falei no Google e como uma coisa sem explicação afinal era simplicíssima, dir-lhe-ei que há uns meses estranhei uma avalanche de consultas ao Restolhando sobre uma publicação de um texto de Ética de Aristóteles, e quando fui pesquisar, o que encontrei foi um debate de um professor com os seus alunos sobre esse texto, que ele tinha recolhido do meu blogue e nele constava o meu nome porque fui eu que o traduzi para o publicar. Ora, nada mais simples do que um professor que fala de ética com os alunos mostrar um comportamento ético ao atribuir a tradução a quem a fez, e o mistério era só esse :)) De facto esse texto também tinha comentários no meu blogue, que não sei se foram úteis ao professor, mas isso já é outra questão.

Para ficar com mais um pormenor do que os motores de busca podem provocar sobre o que publicamos, dir-lhe-ei agora que, há cerca de dois anos publiquei um texto que continha a intervenção do Ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil na altura, sobre o problema da Amazónia, numa palestra de uma Universidade Americana. Uma intervenção que continuo a achar fabulosa. Quando me apercebi que meio Brasil andava a ler o meu blogue (Restolhando) e até o próprio Governo Federal, lá fui eu outra vez tentar descobrir a razão daquela azáfama. Encontrei então jornais e revistas que não falavam noutra coisa e que não deixavam o Ministro em paz porque queriam saber se ele era realmente o autor daquela intervenção, que ao que parece era politicamente incorrecta. O Ministro disse que sim, que tinha sido resultado de uma pergunta que um aluno da Universidade lhe tinha feito e, por isso, não a tinha levado previamente escrita e aprovada pelo governo, como se costuma fazer noutras intervenções oficiais. A partir de então as visitas ao blogue sobre esse assunto acalmaram um pouco. E, se não me falha a memória, esse texto não teve qualquer comentário por cá. Como vê, mais um mistério resolvido.

Com tudo isto, também me apercebi que, muitas vezes, não sabemos o real valor dos textos que publicamos nem o impacto que terão nos mais diversos tipos de leitores e de leituras a que poderão ser submetidos.

Obrigada e bom fim-de-semana :))

Maria Josefa Paias disse...

.
Obrigada, querida Ana Paula, por ter vindo também aqui (já vi a sua mensagem no FB), e desejo-lhe também tudo de bom :))

Quanto ao meu postal, na realidade, e da maneira como o meu raciocínio funciona, eu não poderia chegar a outra conclusão.

Beijinhos e bom-fim-de-semana :))