Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.
4 comentários:
É sempre um grande prazer ler Pessoa...e Caeiro é o «Mestre», que Pessoa opõe a si mesmo, com o qual tem que aprender: a viver sem dor; a envelhecer sem angústia; a morrer sem desespero; a fazer coincidir o ser com o estar...Não sei, a Josefa é que é uma «pessoana»...
Beijinho,
Manuela
Não me lembrava deste poema. E que bonito ele é. :)
A paixão do grande "Mestre".
Poema bonito, sentido, um verdadeiro grito de amor.
.
Obrigada Manuela, Ana e Eduardo pelos vossos comentários.
Ainda bem que dei férias a Bernardo Soares, porque ler O Pastor Amoroso de Alberto Caeiro é sempre uma delícia e uma das facetas mais "desanuviadas" de Pessoa. Ainda vou publicar mais alguns sobre o tema :))
Beijinhos.
Enviar um comentário