sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Maria Teresa Horta - Tempos ruins


Eu não descuro
recuso
censores e carcereiros
inquisidores e profetas

Que vaticinam desgraças
abrem veias
cortam versos

Trancam celas
espalham sombras
fecham postigos, janelas

Mandam pôr muros e grades
trazem presságios ruins
torturas, dores e vilezas
alcateias e mastins

Eu não descuro
procuro
a esperança acalentada
sonhada na desmesura

Entre ruínas passadas
sevícias, medos
torpezas

A poesia
e a beleza
A liberdade exaltada.
Maria Teresa Horta

4 comentários:

Mar Arável disse...

Grande Maria

Olinda Melo disse...


Belo poema, cheio de grandes verdades.

:)

Olinda

Céu Gonçalves disse...


Adorável...

Hanaé Pais disse...

Não recuso os censores, não recuso os profetas.
Eles são a alavanca e o motor, que nos fazem parar e pensar.
Recuso o falso, recuso o nefasto.
E procuro a veracidade e a sã utilidade de um tempo em construção.
Procuro a esperança e com ela a finalidade pretendida de um tempo de mudança.

A felicidade resulta não no conflito, mas na cooperação.

Mas para atingir a liberdade, foi sempre necessário, passar pela revolução, a quente, a fogo, inflamada, exaltada, libertando-nos dos escombros e dos tempos ruins.
Gostei do poema, porque no final, concedeu a esperança.