Nem padeceste em vão, quem quer que foste,
Plebeu antigo, que amarrado ao poste
Morreste como vil e faccioso.
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Desse sangue maldito e ignominioso
Surgiu armada uma invencível hoste...
Paz aos homens e guerra aos deuses! - pôs-te
Em vão sobre um altar o vulgo ocioso...
.Do pobre que protesta foste a imagem:
Um povo em ti começa, um homem novo:
De ti data essa trágica linhagem.
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Por isso nós, a Plebe, ao pensar nisto,
Lembraremos, herdeiros desse povo,
Que entre nossos avós se conta Cristo.
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Antero de Quental (1842-1891)
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(na imagem: quadro de Salvador Dáli)
5 comentários:
Gosto imenso da poesia de Antero de Quental, por vezes (demasiadas, quanto a mim), esquecida.
Do ponto de vista filosófico, também é um autor que sempre me despertou interesse.
Diria ainda que foi um autêntico "desassossegado" :)
Deixo um abraço.
Concordo consigo, Ana Paula.
Além da poesia de Antero, tenho as "Tendências Gerais da Filosofia na segunda metade do séc. XIX" e "Causas da decadência dos povos peninsulares", e sobre esta última, faz já muito tempo que reproduzi alguns excertos, não me lembro em qual dos blogues.
Mais um desassossegado, sem dúvida.
Um abraço.
Belo poema, extraordinário quadro.
Abraço
É mesmo, Nicolina. E quanto ao quadro só tive pena de não ser possível colocar uma imagem bem grande para se poder ver em todo o pormenor, mas aqui o que havia a destacar era o soneto e a imagem a servir como ilustração do próprio título do mesmo.
Muito obrigada.
Um abraço.
Antero de Quental, o «dasassossegado» como bem dizem, é um poeta de dimensão superlativa e realmente votado ao esquecimento...outro dia li que três editores apostaram em publicar os clássicos, em edicões económicas, considero que na formação de alguém o mais importante é o que está para trás e não propriamente os livros dos Tops, que entusiasmam muitas pessoas. Se possível, complementar!..
Josefa ter dedicado o seu postal ao Antero foi importante, assim como tudo que vai publicando. O quadro de Dali é uma mais valia. Sou uma incondicional do Direito e Avesso.
bjs,
Manuela
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