Tem dó de quem não dorme,
de quem passa a noite à espera
que desperte o silêncio.
O vento devia cantar nos plátanos
com a lua nova, ser mais uma folha
feliz nos ombros do outono.
Mas o vento parecia ter endoidecido:
de leste a oeste varria
a rua, varria a noite: o vento
alegremente
varria o mundo - em turbilhão
arrastava o lixo mil vezes imundo.
E o sono chegava.
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Eugénio de Andrade
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De "O Sal da Língua"
4 comentários:
Belíssimo poema!
Vou dormir que o sono chegou :)
Beijinhos e bom fim de semana
Olá Josefa,
Gosto de todos os poemas de Eugénio de Andrade, este pode ter uma leitura do que eu sinto actualmente ou eu ando muito obcecada, por uma realidade que me pesa demais!
Tento «dormir», mesmo de olhos abertos!
Bom fim-de-semana.
Beijinhos,
Manuela
O génio de Eugénio foi, é e será sempre notável.
E quantas vezes não se fica de facto à espera que o silêncio venha ?
E ele, nada ...
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Olá Benjamina, Manuela e Eduardo,
Muito obrigada pelos vossos comentários e votos de boa semana.
Beijinhos:))
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