segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Eugénio de Andrade - As palavras

São como cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?


Eugénio de Andrade

in Coração do Dia

4 comentários:

O Puma disse...

Veremos o que o Porto fará

da sua casa

Olinda Melo disse...

O poder das Palavras!
Eugénio de Andrade, num poema lindíssimo.

Um Bom Ano.

:)

Olinda

partilha de silêncios disse...

palavras sábias !!
Aproveito para desejar um "EXCELENTE 2012",vamos contrariar as negras previsões.
um beijinho

Maria Josefa Paias disse...

Obrigada "o Puma", Olinda e "partilha de silêncios"! Tenho andado tão pouco pelos blogues, que aproveito também para vos desejar um bom ano!

Beijinhos.