Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono,
Dormitando junto à lareira, toma este livro,
Lê-o devagar, e sonha com o doce olhar
Que outrora tiveram teus olhos, e suas sombras profundas;
Muitos amaram os momentos de teu alegre encanto,
Muitos amaram essa beleza com falso ou sincero amor,
Mas apenas um homem amou tua alma peregrina,
E amou as mágoas do teu rosto que mudava;
Inclinada sobre o ferro incandescente,
Murmura, com alguma tristeza, como o Amor te abandonou
E em largos passos galgou as montanhas
Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.
W. B. Yeats
in Poemas, Assírio & Alvim, Colecção Gato Maltês, Lisboa, 1988, p. 17, trad. de José Agostinho Baptista
2 comentários:
Existe alguma alma mais bela do que a peregrina?
Naturalmente,que não!
Também creio que não, Hanaé Pais.
Abraço!
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