domingo, 12 de agosto de 2012

Fernando Namora - "Raro e vazio dia"


Raro e vazio dia.
Calmo e velho dia.
Os membros lassos debruados deste cansaço sem porquê.

Raro e vazio dia,
assim inteiro e implacável
na solidão grave e trágica do meu quarto nu.

Perdido, perdido, este vagabundear dos meus olhos
sobre os livros fechados e decorados,
sobre as árvores roídas,
sobre as coisas quietas, quietas...
Raro e vazio dia
na minha boca pálida e pouca,
sem uma praga para quebrar a magia do ópio!

Fernando Namora (1919 – 1989)

3 comentários:

Mar Arável disse...

Há dias assim

desmaiados

Hanaé Pais disse...

E para um raro e vazio dia...deixo-lhe:

"Ela tinha a sua solidão e a sua reflecção aliada à contemplação como companhia, como um sermão matinal vindo da serra e do lago(...)como o remanescer de um novo dia em tons de esmeralda, em plena melodia."
In Encontros e Desencontros
De Flor de Alvarado
Senti saudades suas.
A música que deixou, já não me bastava.
Benvinda!

Maria Josefa Paias disse...

Muito obrigada, Mar Arável e Hanaé!

Um excelente fim-de-semana!