o inverno. Traz consigo
o mar. Está velho
e magro o mar, negro de crude.
Também traz árvores; cegas
e sem nenhum pássaro:
mesmo sem vento cambaleiam.
Tenho dó das suas folhas
de borco na rua,
a respiração difícil.
Quem virá, injuriando o tempo,
sacudindo as grossas
gotas de frio?
Só um sorriso aceso
lhe aqueceria as mãos; do coração
não falo: não há lume
que o torne enxuto e novo.
6 comentários:
Maria Josefa,
São todos lindos, e este não foje à regra, de uma sensibilidade à flor da pele.
É assim este nosso magnífico poeta, tão dos nossos dias.
Um abraço.
Já publiquei outros, Miguel. Este pareceu-me adequado hoje.
Um abraço e obrigada.
Olá Josefa,
Tenho um grande apreço por este poeta e tive o previlégio de o conhecer. Via-o muitas vezes pelas ruas da cidade, nessa altura ainda trabalhava e depois assisti a recitais que deu, inclusive na casa-fundação (pena que esteja presentemente, sem nenhuma actividade). Quando fez 80 anos, foi feita uma grande festa de homenagem, na Biblioteca Almeida-Garrett, nessa altura já estava hospitalizado e eu estive presente, foi realmente emocionante, com muitos poetas a dizer poesias dedicadas a Eugénio.
Também já fui à Póvoa da Atalaia, no Alentejo de que tanto gosto, ver onde nasceu José Fontinhas.
Mais importante do que tudo isto é que leio e releio a sua poesia.
Para mim também, mais um dos grandes poetas portuguesas.
Beijinhos e bom fim-de-semana.
Manuela
Muito obrigada, Manuela.
Um bom fim-de-semana para si também.
Beijinhos.
Foi, e será sempre, um dos mais "Nossos" poetas. Tinha um olhar límpido a escrever.
Obrigada, Josefa :)
Saudades, do nosso poeta !!
Obrigada
bjs
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