De deuses descuidosos,
Quero gastar as concedidas horas
Desta fadada vida.
Nada podendo contra
O ser que me fizeram,
Desejo ao menos que me haja o Fado
Dado a paz por destino.
Da verdade não quero
Mais que a vida; que os deuses
Dão vida e não verdade, nem talvez
Saibam qual a verdade.
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Odes/Ricardo Reis
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(Destinatária especial: Fada Helena)
8 comentários:
Josefa
Eu também acho que os deuses não sabem a verdade...
Um abraço
Maria Josefa,
Poema muito belo.
Quanto à dedicatória(à Fada H.) acho esplêndida.
Agora, cá entre nós, já me arranjou mais trabalhos... :º))
Logo o Ricardo Reis , amante dos clássicos ?
Um grande abraço .
Benjamina, Ricardo Reis ainda utiliza a palavra "talvez", mas você é peremptória!
Andamos muitas vezes às "apalpadelas" em busca da verdade e, talvez, isso dê algum prazer aos deuses por não terem mais nada com que divertir-se :)
Mas Ricardo Reis, da verdade não quer mais que a vida, e não deseja mais que a paz como destino, o que não é pouco.
Obrigada e beijinhos.
Miguel, obrigada pelo comentário.
Longe de mim querer arranjar-lhe trabalhos! O Miguel é que gosta destes desafios, não é? :))
Um abraço.
Maria Josefa, hoje também não tenho vontade de lutar contra o destino; hoje é-me cómodo aceitar que nada posso fazer para o mudar.
Hoje (agora) vou descansar na melancolia da noite; e dou graças por ser português.
um abraço
Estou sem fala... Maria Josfa e muito comovida... essa sua maneira de me transmitir uma mensagem tão bela e importante. Logo fiquei sem fala e o coração parou...
Como lhe poderei agradecer?
Como se pode agradecer a uma pessoa Sábia?
Não digo o que penso sobre os deuses... apenas do Homem que se julga detentor de uma só verdade; é descuidado... porque nenhum é dono dela.
Apenas quero a vida... apenas quero viver e deixar viver. A PAZ!
Obrigada Maria Josefa, pela sua bondade. :)
Um beijinho e um abraço terno de gratidão.
T. Mike, obrigada também pela generosidade. :)
Bem hajam!
Paulo, gostei muito da exposição do seu estado de alma, naquele momento, e senti nele também alguma resignação ao aperceber-se de que é difícil mudar o "destino", o seu ou o de outros.
Mas como ninguém ousará pedir-nos tamanha tarefa como a de mudar o mundo para melhor (o destino de todos), e pelas preocupações que transmite no seu blogue, estou certa de que o Paulo mudará muitas coisas, por pequenas que sejam, no "mundo" que o rodeia, ou seja, a melhoria do "destino" de alguns e, como estas coisas fazem ricochete, mudam, de certo modo, também o seu.
Obrigada e um abraço.
Fada Helena,
Fiquei muito feliz por lhe ter agradado a dedicatória deste poema de Ricardo Reis e o mesmo a ter consolado. Aliás, a poesia também serve para isso, para nos consolarmos e para nos questionarmos.
Obrigada e um beijinho.
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