Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia
Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram
Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto
Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!
Nota: Já tinha publicado no blogue Restolhando este poema "Estrela da Tarde", de José Carlos Ary dos Santos, mas integrado no texto que escrevi a 09/10/2010 sobre Domestic Violence Awareness Month //Bloggers Unite, e pareceu-me que merecia uma publicação individual. Para os que me visitam, de outros países, acrescentarei que este poema tem sido muito difundido na voz de Carlos do Carmo com música de Fernando Tordo. Uma das versões pode ser ouvida aqui.
7 comentários:
O nosso Zé Carlos
sempre
Um poema grande, grande. E também uma das grandes canções que se fizeram por cá.
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Sempre, "Mar Arável"!
Abraço.
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Não sei se à Ana lhe acontece o mesmo que a mim. É que, ao ler o poema, e por mais vezes que o faça, a música de Fernando Tordo está sempre presente. Não consigo desligá-los :)
Beijo.
Exactamente! Um resto de boa semana!
Obrigado por nos recordar esta bela canção. Das melhores que se fizeram em língua portuguesa.
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Muito obrigada, "joão sem terra":))
Uma boa semana!
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