Insónia. Abro a janela. Esvaimento
No abismo da solidão estrelada.
É inquietante a paz e um sentimento
De hora nenhuma vai da lua ao nada.
Tem nisto um deus sinistro o instrumento
De submeter-me em morte figurada?
Silêncio astral. Estático tormento
No eterno insone que inspira a hora parada
Suga-me o sangue um polvo agonizante.
Marginam o pensamento delirante
Espectros de prostitutas na avenida.
Pesam as pálpebras. Apodrece a ideia
De adormecer. O dia já clareia
Num galho tenro da árvore da vida.
Natália Correia (13/09/1923-16/03/1993)
Em Poesia Completa, Dom Quixote, Lisboa, 1999
2 comentários:
Lembrar a Mulher e a Poetisa.
Grata pela partilha.
Um abraço
A nossa Natália
sempre
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