terça-feira, 13 de setembro de 2011

Natália Correia - Insónia (homenagem em dia de aniversário)

Insónia. Abro a janela. Esvaimento
No abismo da solidão estrelada.
É inquietante a paz e um sentimento
De hora nenhuma vai da lua ao nada.

Tem nisto um deus sinistro o instrumento
De submeter-me em morte figurada?
Silêncio astral. Estático tormento
No eterno insone que inspira a hora parada

Suga-me o sangue um polvo agonizante.
Marginam o pensamento delirante
Espectros de prostitutas na avenida.

Pesam as pálpebras. Apodrece a ideia
De adormecer. O dia já clareia
Num galho tenro da árvore da vida.

Natália Correia (13/09/1923-16/03/1993)

Em Poesia Completa, Dom Quixote, Lisboa, 1999

2 comentários:

Menina Marota disse...

Lembrar a Mulher e a Poetisa.
Grata pela partilha.
Um abraço

Mar Arável disse...

A nossa Natália

sempre