À semelhança do que fiz com Nietzsche, e que é uma das páginas mais visitadas, compilei alguns pensamentos de Arthur Schopenhauer (a imagem representa ambos), que se encontram dispersos por várias das suas obras e cujos títulos indicarei no fim. Espero assim satisfazer muitos que também o procuram e que só encontravam citações dispersas.
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Talento é quando um atirador atinge um alvo que os outros não conseguem. Génio é quando um atirador atinge um alvo que os outros não vêem.
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Se olharmos a vida nos seus pequenos detalhes, tudo parece muito ridículo. É como uma gota de água vista ao microscópio, uma só gota cheia de protozoários. Achamos muita graça a como eles se agitam e lutam tanto entre si. Aqui, no curto período da vida humana, essa actividade febril produz um efeito cómico.
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A maior sabedoria é ter o presente como o objecto maior da vida, pois este é a única realidade, tudo o mais é imaginação. Mas poderíamos também considerar isso a nossa maior maluquice, pois aquilo que existe só por um instante e desaparece, não merece um esforço sério.
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Uma pessoa de raros dons intelectuais, obrigada a fazer um trabalho apenas útil, é como um jarro valioso, com as mais lindas pinturas, usado como pote de cozinha.
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É interessante que, além da vida real, o homem tem sempre uma segunda vida abstracta onde, com calma deliberação, o que antes o deixava nervoso e irritado parece frio, sem graça e distante: ele é mero espectador e observador.
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As grandes dores fazem com que as menores mal sejam sentidas e, na falta das grandes, até o menor desgosto nos atormenta.
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A alegria e despreocupação da nossa juventude deve-se, em parte, ao facto de estarmos a subir a montanha da vida e não vermos a morte que nos aguarda do outro lado.
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Feliz é o homem que consegue evitar a maioria dos seus semelhantes.
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No fim da vida, a maioria dos homens percebe, surpreendida, que viveu provisoriamente e que as coisas que abandonou por não terem graça ou interesse eram, justamente, a vida. E assim, traído pela esperança, o homem dança nos braços da morte.
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Na infância, o aparelho sexual está inactivo, enquanto o cérebro funciona plenamente, por isso, essa é a época da inocência e da felicidade, o paraíso perdido do qual sentimos falta pelo resto da vida.
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O sexo intromete-se com o seu lixo e interfere nas negociações dos estadistas e nas investigações dos eruditos. Todos os dias destrói os relacionamentos mais preciosos e rouba os escrúpulos aos que antes eram honestos.
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Se não conto o meu segredo, ele é meu prisioneiro. Se o deixo escapar, sou prisioneiro dele. A árvore do silêncio dá os frutos da paz.
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Cada vez que respiramos, afastamos a morte que nos ameaça.(...) No fim, ela vence, pois desde o nascimento é esse o nosso destino e ela brinca um pouco com a sua presa antes de a comer. Mas continuamos a viver com grande interesse e inquietação durante o máximo tempo possível, do mesmo modo que sopramos uma bola de sabão até esta ficar bastante grande, embora tenhamos a certeza absoluta que vai rebentar.
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A vida é uma coisa miserável. Decidi passar a minha a pensar nisso.
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Uma vida feliz é impossível. O máximo que se pode ter é uma vida heróica.
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A sólida base da nossa visão do mundo, bem como o grau da sua profundidade, são formados na infância. Essa visão é depois elaborada e aperfeiçoada, mas, na essência, não se altera.
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A religião tem todas as coisas a seu favor: a revelação feita por Deus aos homens, as profecias, a protecção do governo, das figuras mais respeitáveis e mais importantes. Mais que isso, o enorme privilégio de poder gravar a sua doutrina na mente das pessoas quando são crianças e, com isso, as ideias tornam-se quase congénitas.
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Num espaço infinito, inúmeras esferas luminosas em volta das quais giram dezenas de outras menores, quentes no centro e cobertas por uma casca dura e fria, onde uma névoa bolorenta originou a vida e os seres conhecidos. Esta é a realidade, o mundo.
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A primeira regra para não ser um brinquedo nas mãos de qualquer velhaco, nem ridicularizado por qualquer imbecil, é manter-se reservado e distante.
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Quando tinha trinta anos, estava cansado e aborrecido por ter de considerar iguais a mim pessoas que nada tinham a ver comigo. Como um gato que, quando pequeno, brinca com bolas de papel porque pensa que são vivas e se parecem com ele, assim me sinto eu em relação aos bípedes.
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Poucas coisas deixam as pessoas tão satisfeitas como ouvir algum problema ou constatar alguma fraqueza em ti.
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Deveríamos limitar os nossos desejos, controlar as nossas vontades e dominar a nossa raiva, sabendo que só conseguimos o mínimo do que vale a pena ter.
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Não há rosa sem espinhos. Mas há muitos espinhos sem rosa.
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Não escrevi para a multidão. (...) A minha obra é para os que pensam e que, no decorrer do tempo, vão ser a excepção. Sentirão o que eu senti, como um marinheiro náufrago numa ilha deserta, para quem a pegada de um ex-companheiro de sofrimento dá mais consolo do que as catatuas e os macacos nas árvores.
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Mesmo sem motivo, sinto sempre uma ansiedade que me faz ver e procurar perigo onde ele não existe. Isso aumenta infinitamente qualquer aflição e faz com que a ligação com os outros seja muito difícil.
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Os escritos e ideias deixados em livro por homens como eu são o meu maior prazer na vida. Sem livros, teria desesperado há muito tempo.
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Vista da juventude, a vida é um longo futuro; a partir da velhice, parece um curto passado. Quando partimos num navio, as coisas na praia vão diminuindo e ficando mais difíceis de distinguir; o mesmo se passa com os factos e actividades do nosso passado.
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Quem ama sente uma enorme desilusão depois de, finalmente, chegar ao prazer. E, surpreendido, vê que aquilo que tanto desejou proporciona o mesmo que qualquer outra relação sexual, e assim não encontrará muitas vantagens em amar.
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Devemos encarar com tolerância todas as loucuras, fracassos e vícios dos outros, sabendo que apenas encaramos as nossas próprias loucuras, fracassos e vícios.
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Ao chegar ao fim da vida, nenhum homem sincero e na posse das suas faculdades vai desejar voltar a viver. Preferirá morrer para sempre.
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Consigo suportar a ideia de que poucas horas depois de morrer, os vermes comerão o meu corpo, mas estremeço ao imaginar professores a criticar a minha filosofia.
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Desejar o mínimo possível e saber o máximo possível.
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A vida pode ser comparada a um bordado que no começo da vida vemos pelo lado direito e, no final, pelo avesso. O avesso não é tão bonito, mas é mais esclarecedor, pois deixa ver como são dados os pontos.
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Pensamentos extraídos das seguintes obras:
Parerga e Paralipomena
O Mundo como Vontade
O Mundo como Vontade e como Representação
(de manuscritos deixados)
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