No meu aniversário
Já por cinquenta e tal esta jangada
Do corpo em águas negras abrevia
De Aqueronte a outra margem; e corada
De moça fica a alma à rebelia
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Da ruga pelo tempo concertada.
Pede bengala a reuma? Assim a Pítia
Pede o tripé que só nele sentada
Inala os fumos da Sabedoria.
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Amigos que ao fortuito aniversário,
Por édito de torto calendário,
Cinquenta e tal hortênsias me trazeis!
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Pelos anos letais descendo as pernas,
Sobe a alma por louros às lanternas
Do canto que me furta a humanas leis.
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(13/09/1923-10/03/1993)
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De Poesia Completa, D. Quixote, 1999
2 comentários:
OLÁ JOSEFA,
MAS SERÁ QUE «NO MEU ANIVERSÁRIO», É O SEU...OU SERÁ QUE FOI COMO ESCREVE, PARA MARCAR OS 17 ANOS PASSADOS DEPOIS DA MORTE DE NATÁLIA CORREIA?
GOSTO DE ALGUMA POESIA DE NC, MAS NÃO É FÁCIL!...
UM BEIJO,
MANUELA
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Olá, Manuela:)
O meu aniversário é mais para o Verão. Este poema é da Natália sobre a Natália quando estava ainda nos seus "cinquentas" e foi o que escolhi para lhe prestar esta homenagem, mesmo sabendo que não era um dos mais fáceis, nem como outros que já tivemos oportunidade de analisar/debater aqui com tanto entusiasmo.
Beijinhos e obrigada.
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